João Freitas tem uma perspetiva privilegiada sobre o papel da inovação na hotelaria, fruto do seu envolvimento na Host Hotel Systems, empresa líder na digitalização no setor.
Após o seu contributo no Painel ‘Turista 4.0- Impactos e desafios no futuro da hotelaria’, promovido no âmbito do roadshow da iniciativa Hotel 4.0, o Entrepreneur in Residence da Startup Braga partilha a sua visão sobre o contributo da inovação e do empreendedorismo na transformação digital da hotelaria e turismo.
Apostar na agregação e integração de dados e focar no perfil do turista ao invés da reserva é o caminho para responder aos desafios do Turista 4.0.
1. Tem contribuído – seja como especialista em empresas tecnológicas de referência, seja com Entrepreneur in Residence na Startup Braga – para a construção de pontes entre a procura (o turista) e a oferta (os hotéis): qual a sua perspetiva sobre a transformação digital da hotelaria portuguesa?
Vemos que a indústria está cada vez mais digital, o que é extremamente positivo.
2. O desafio é, sobretudo, tecnologia e investimento, ou há também necessidade de progredir na qualificação dos recursos humanos e na otimização das estratégias empresariais?
Há uma necessidade de qualificação natural dos recursos humanos. Infelizmente, ainda temos visto nos últimos anos a tecnologia a ser muito analisada como um custo e não necessariamente numa perspetiva de investimento. Contudo, é de salientar que desde o início de 2020 tem-se assistido a um investimento cada vez superior. Entidades como a AHRESP e o Turismo de Portugal têm tido um trabalho importantíssimo: por um lado, através de programas de apoio a incubadoras, como o FIT 2.0, mas também apoios à formação, de que é exemplo o UpgradeDigital 2.0.
3. Percebemos que parte da resposta aos desafios do Hotel 4.0 deve surgir de novos conceitos, ferramentas e de uma nova mentalidade caraterísticas típicas de empreendedores e de startups. Como estamos a este nível em Portugal?
Felizmente, o ecossistema empreendedor em Portugal é cada vez mais completo. Nos dias de hoje, um hotel
consegue, do ponto de vista tecnológico, estar totalmente equipado apenas com software made in Portugal. Algumas destas startups têm já presença internacional grande, não ficam a “dever” nada a outros concorrentes internacionais. A Startup Braga também se encontra neste momento a criar um programa que vai de encontro a novos conceitos e ferramentas para a indústria, através do programa iTech Tourism, que arrancará já no início de Junho deste ano.
4. Foi afirmado que uma barreira à adoção de novas tecnologias é o desconhecimento da sua utilidade e impactos, a par do uso isolado de tecnologias sem interligação. O que sugere para ultrapassar este constrangimento?
As diversas entidades instituições têm feito um enorme esforço no sentido de educar sobre a importância da tecnologia, como é o caso do próprio Turismo de Portugal. Através deste booming de startups tecnológicas no setor do turismo, também esperamos que haja cada vez mais espaços para a discussão destas temáticas e de como elas se poderão ligar. Felizmente, muitas das novas tecnologias já são desenvolvidas tendo APIs pré-estabelecidas, o que acaba por permitir cada vez mais sistemas mais conectados. Um sistema empresarial mais próximo e conectado, provavelmente, também ajudará imenso a soluções conjuntas e adaptadas às necessidades de cada hotel ou grupo hoteleiro.
5. Na sua intervenção colocou ênfase noutra ideia essencial: a necessidade de a hotelaria alterar o enfoque da reserva para o perfil do hóspede. Pode explicar melhor o alcance desta
mudança?
Nos últimos anos, temos vindo a adicionar cada vez mais ferramentas de comunicação com o cliente. Contudo, toda esta pegada digital tem vindo a ficar perdida. Soluções agregadoras serão cada vez mais o
futuro, o conceito da hiperpersonalização estará cada vez mais na voga. Produtos que consigam enriquecer o conhecimento sobre o hóspede serão, certamente, cada vez mais importantes para capitalizar a jornada e experiência do turista.
SOLUÇÕES AGREGADORAS SERÃO CADA VEZ MAIS O FUTURO, O CONCEITO DA HIPERPERSONALIZAÇÃO ESTARÁ CADA VEZ MAIS NA VOGA
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